Decorativo, Apenas? Júlio Pomar e a Integração das Cores
Preço de Amigo
- «Um motivo decorativo, apenas…» - Não é verdade que isto se ouve muitas vezes? Ora na boca de um arquiteto, ao solicitar a colaboração do pintor ou do escultor, ora na de um destes; ou com um arzinho escondido de desculpa, ou com as maviosidades do cigano que impinge burro velho. De passagem se diga que é possível também ouvi-lo dito com inocência, dado que a inocência em matéria de arte é muito mais corrente do que se pinta.
De passo em falso a passo em falso, tem-se consolidado uma conceção empobrecida do decorativo. Cortaram-se à garçonne as tranças de estafe: fazer «moderno» passou a ser pôr 10 onde dantes se punha 100, e usar à vontade de uns tantos cosméticos, sem cuidar primeiro de lavar a cara. Quantas santas almas puderam assim encontrar o descanso! E deste modo, «decorativo» foi significando arrebique, boneco de estampar, farfalhice obrigatoriamente inexpressiva. […]
Eu creio que, entre nós, se tem empurrado a obra decorativa, voluntária ou involuntariamente, para a categoria de Parque Mayer das artes. À parte raras tentativas honestas, que vemos? Um coro mal afinado em que se juntam o conformismo, o delicodoce, as soluções mil vezes gastas. O que faz com que tantos vão interpretando o decorativo como uma espécie de doença vergonhosa, e não, afinal, como a expressão, de todas a mais viva, da arte do nosso tempo. [Júlio Pomar]
Ficha informativa
- Medidas
- 17 x 21 cm
- ISBN
- 9789898834317
- Editor
- Documenta
- Idioma
- Português
- Capa
- Mole
- Ano
- 2016
- Páginas
- 276
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