Durante o Fim: Rui Chafes

Esta edição foi publicada como homenagem a Maria Nobre Franco e retrata a travessia de um espaço mental acossado pelo mistério, pela perturbação e por uma estranha magia que envolve a condição humana, o destino. Não é isso determinante em Rui Chafes?

Durante o Fim: Rui Chafes

Esta edição foi publicada como homenagem a Maria Nobre Franco e retrata a travessia de um espaço mental acossado pelo mistério, pela perturbação e por uma estranha magia que envolve a condição humana, o destino. Não é isso determinante em Rui Chafes?

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Maria Nobre Franco: Durante o Fim é uma viagem interior feita de inquietações e ousadias. A travessia de um espaço mental acossado pelo mistério, pela perturbação e por uma estranha magia que envolve a condição humana, o destino. Não é isso determinante em Rui Chafes?»

Esta edição foi publicada como homenagem a Maria Nobre Franco (Messejana, 1938 - Cascais, 2015), durante a exposição No Reino das Nuvens: os Artistas e a Invenção de Sintra, realizada entre Maio e Outubro de 2021, no Museu de Artes de Sintra (MU.SA).

E já então eu sabia que vivemos porque outros vivem, só por isso. Porque o que me mostram passa a ser meu: é essa a crua generosidade desta vida desamparada. Um minúsculo olho gigantesco que tudo vê e no qual tudo se reflete: quartos, portas, retratos pendurados na parede, janelas. Tudo refletido na esfera de vidro desse olho que um dia me ofereceste, embrulhado em papel claro. Por sermos como pedras lançadas no ar que, eventualmente, um dia se encontrarão, sempre a tua voz me foi uma indizível dádiva. Contigo, por ti, por existires, o Mundo tornou-se maior, enorme.

E quando morrermos, se morrermos, Deus não saberá o que fazer. Muito mais do que isto não temos. Mas é tanto. «Não, não chores, tu não», disseste, «tens os olhos claros e quem tem os olhos claros não pode chorar nunca». Todos acreditam que através dos olhos claros tudo se vê de forma mais clara. E era sobretudo quando não havia sol e a névoa cobria a floresta da montanha, que subias os penedos para chegar à estátua do Guerreiro, que também teria os olhos claros. É curioso que lhe chamem a Estátua do Gigante, ou do Parsifal, ou do Arquiteto, do Construtor. Aliás, que outra coisa se pode fazer neste mundo a não ser construir? Dizem-me. Construir como quem tenta dar um sentido à sua efémera passagem. Tão evidente, não é?

[Rui Chafes]

CS020066

Ficha informativa

Medidas
14,4 x 20,3 cm
ISBN
9789898833679
Editor
Documenta
Idioma
Português / Inglês
Capa
Mole
Ano
2021
Páginas
192

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